É o seguinte... As coisas (e as pessoas, que quase sempre são coisas) são feitas de átomos. Os átomos são feitos de partículas, as partículas de partículas menores e assim vai, até onde conseguimos olhar. Essas partículas possuem, dentre outras, a característica mais representativa do comportamento quântico: seu comportamento é estatístico. Não se sabe onde elas estão, ou pra onde vão (ao mesmo tempo), mas você pode tentar calcular a probabilidade de uma delas estar em um determinado lugar. Isso se faz através da integral em todo o espaço do módulo quadrado da função de onda, que é solução da equação de Schrödinger: no caso quântico clássico (que não inclui efeitos relativísticos).
Mas nada disso importa. O que importa é que o conjunto dessa quantidade enorme de partículas, se comportando estatisticamente, em larga escala, ou seja no que chamamos de limite clássico, se manifesta de uma forma mais natural e familiar para nós: termodinamicamente. Em outras palavras, quando estamos no nível de energia em que vivemos (na temperatura ambiente, ou como chamamos, da ordem de ), no mundo onde as coisas são menores que planetas e estrelas e maiores que átomos e moléculas, o que nós observamos desse comportamento quântico (estatístico) das partículas é o calor, a pressão, a temperatura etc. Existe uma ciência (fenomenológica) que regulamenta essa manifestação clássica dos gases formados por essas partículas e essa ciência se chama termodinâmica.
A termodinâmica possui quatro leis. Uma das formulações da segunda lei determina que todo processo desperdiça energia. Não cria, nem mantém constante, mas gasta. É por isso que é impossível construir uma máquina que funcione sem retirar energia de algum lugar. No caso dos mecanismos que encontramos no dia-a-dia, como os motores, a maior parte da energia é dissipada pelo atrito na forma de calor. Outra parte é desperdiçada pelo escapamento, no caso dos carros, na forma de poluição, para encurtar a conversa.
A verdade é que a segunda lei da termodinâmica decreta que não existe energia "limpa". Bom... existem formas de combustível (no sentido de fonte de energia) que não resultam em fumaça, smog, lixo tóxico etc. A mais conhecida dessas fontes de energia, pelo menos aqui no Brasil, é a energia elétrica. Mas em qualquer caso, seja qual for a fonte de energia utilizada, qualquer processo, em um último momento, resulta em um sub-produto inevitável: o calor. Acender uma lâmpada, ligar um computador, uma geladeira, um ar-condicionado, um ventilador... Tudo isso resulta em calor que é absorvido pela atmosfera do planeta.
A poluição pelo calor, especialmente nos últimos anos, tem se mostrado tão desagradável de se presenciar e causado tanta preocupação quanto as formas usuais de poluição pela emissão de monóxido de carbono, CFC e metano.
É por isso que eu estou divulgando aqui a Hora do Planeta. A WWF-Brasil se juntou a instituições de defesa do meio-ambiente em todo o mundo e está promovendo o desligamento de luzes nas casas de TODAS AS PESSOAS, no dia 28 de março de 2009 entre as 20:30 e 21:30 horas, para chamar a atenção das autoridades para os efeitos do aquecimento causado pela poluição emitida pelos seres humanos e mostrar ao mundo que nós brasileiros estamos conscientes do problema.
P.S.: Não esqueci da minha promessa, em um post próximo eu vou falar sobre defeitos topológicos, monopólos magnéticos, cordas cósmicas e como usá-las para construir uma máquina do tempo. É um tema muito interessante e escasso (pelo menos sob uma forma palatável) entre os livros de divulgação da física.