domingo, 10 de outubro de 2010

Richard Dawkins e o ateísmo

Richard Dawkins (em "The God Delusion"), de maneira muito ousada e, como lhe é comum, lúcida, inicia uma nova fase do pensamento ateísta. Ele ataca o agnosticismo (muito popular entre cientistas, especialmente físicos) e outras formas de permanecer em cima do muro. Critica o respeito desproporcional às religiões e propõe que se inicie um ataque, na mesma medida daquele recebido pelo cientificismo, ao pensamento religioso.

Sobre o assunto, segue:

domingo, 18 de julho de 2010

James Randi Talk

domingo, 2 de maio de 2010

Pra isso serve o Abramowitz e o Gradshteyn

3,14159... er... Tá bom, né?


Fonte.

'Children DO NOT read horoscopes'...


Esse vídeo faz parte de uma sequência de vídeos feitos durante palestras promovidas pelo Google nas dependências da empresa.

Esse camarada, chamado Neil DeGrasse Tyson, é um dos importantes divulgadores da ciência e do método científico no momento.

Pessoalmente, acho que ele não chega aos pés de Carl Sagan em termos de carisma e conhecimento (tanto científico quanto histórico e filosófico) mas sem dúvida é muito mais interessante que Michio Kaku ou o coitado do Marcelo Gleiser. E é até engraçado.

Nesse vídeo ele fala um pouco do material contido no seu livro, contando resumidamente como foi a história de Plutão, desde a descoberta teórica (confirmada pelas observações posteriores) de Netuno, até o recente rebaixamento a planeta-anão.

Entre outras coisas, ele fala da hierarquia dos personagens da Disney (ele explica por que o Mickey, que é um rato, é dono de um cachorro, o Pluto. Também explica por que o Pluto e o Pateta são diferentes, mesmo sendo cachorros [!!!]); de filmes de ficção (ele explica por que razão Deep Impact é melhor que Armageddon); explica de maneira muito simples como saber que o fim do mundo em 2012 é uma babaquice; etc. Vale a pena assistir até o fim. Fonte.

Quem se interessar pelo estilo do DeGrasse, pode querer dar uma olhada nesses outros vídeos:

The god of the gaps: aqui ele fala sobre como a idéia do design inteligente (conhecido na língua portuguesa como argumento do desígnio) surge mesmo entre os pensadores mais importantes da História e como esse vício atrasa o progresso científico em séculos;

Ten questions for Neil DeGrasse Tyson: dá pra perceber que o DeGrasse fala muito em Newton. Preciso dizer que concordo com ele nesse aspecto — a maioria dos físicos concorda —, porque é indiscutível que Isaac Newton foi a epítome, a personificação do rigor e da eficiência do método científico. Ele formulou perguntas (importantes), procurou respondê-las (e conseguiu responder a maioria delas) a partir de primeiros princípios e pra isso chegou a desenvolver, sozinho e a partir do nada, ferramentas matemáticas sofisticadíssimas, que são a base de toda a matemática usada hoje pelos cientistas. Como diz o DeGrasse, depois de tudo isso, a próxima coisa que ele fez foi completar 26 anos;

Dawkins vs. Tyson: dessa vez eu concordo com o Dawkins, hehe... Eu tenho uma opinião sobre esse assnunto: em geral, a visão de mundo e o comportamento de alguém são fruto da educação recebida em casa, assim como dos costumes sociais da comunidade, do grupo de amigos com quem essa pessoa convive, se ela tem ou não uma religião e do conjunto de dogmas dessa religião...
Em alguns casos as pessoas lêem livros e tiram conclusões pessoais, construindo uma identidade pessoal a partir da qual se delineia um caminho a seguir e uma maneira de segui-lo. No meu caso, minha pré-adolescência foi essencialmente um período muito turbulento e fértil intelectualmente. Eu ouvia muita música, de Mozart a Marduk, lia avidamente, de E.A. Poe a Sartre e, somando-se a tudo isto uma quantidade saudável de hormônios, acabei construindo uma personalidade instrospectiva, inquisitiva, um tanto raivosa e intolerante. Grande parte dessa personalidade eu ainda guardo. Mas foi na divulgação científica de Carl Sagan que vislumbrei os principais fundamentos da  minha visão de mundo atual.
Além do Sagan, muito tempo atrás eu li o "Assim falou Zaratustra" de Nietzsche e, pela primeira vez na vida, alterei meu comportamento e minha visão de mundo por causa do que li num livro de filosofia. No Zaratustra, Nietzsche conta a história de um messias, que constrói (ditongo aberto não tem mais acento*?) uma filosofia e sai pelo mundo "educando as pessoas" (resumidamente, a filosofia do Zaratustra diz que o homem é um estágio intermediário entre o macaco e o 'super-homem' ou 'sobre-homem', ou ainda 'além do homem'... As traduções do alemão são sempre incompletas. O termo original é übermansch. De toda forma, para o Zaratustra o estágio 'humano' deveria ser superado e a idéia de deus deveria ser abandonada). Enfim, no quarto livro (na quarta parte, a última parte do livro que é dividido em quatro livros), os homens sobem a montanha em busca do Zaratustra, procurando algo novo para adorar, uma vez que deus está morto, e eles não estão preparados para se tornarem criadores eles próprios. Encurtando a história, os homens acabam adorando um jumento e o Zaratustra percebe que esses não são os super-homens que ele veio anunciar.
Há uma lição muito importante a se tirar dessa história. Relembrando o que o DeGrasse fala no vídeo: ele critica o Dawkins por desperdiçar seu talento como divulgador, apenas jogando conhecimento no ar e não educando as pessoas cientificamente, contextualizando esse conhecimento a partir do sentimento individual de cada um. O que o Nietzsche ensina no Zaratustra é que o conhecimento transmitido para as pessoas que não estão preparadas para ele pode ser perigoso, ou, na melhor das hipóteses, inútil. Aí eu concordo com a resposta do Dawkins, que cita um editor da revista New Scientist, dizendo que a ciência é interessante, então, quem quiser que corra atrás... Senão, FUCK OFF!;

The Universe is in us: aqui o DeGrasse fala um pouco sobre o vislumbre que os astrônomos e astrofísicos (e todo mundo, sejamos sinceros) experimentam quando tentam entender as estruturas do céu noturno. Ele também desenterra antigos argumentos do Carl Sagan: (1) nós somos matéria estelar (star stuff), ou como ele prefere, poeria estelar (stardust); (2) observar o universo real pode ser tão catártico e apoteótico quanto a religião, ou seja, o universo é bonito por si só, sem que haja a necessidade de imaginar entidades fantasmagóricas como deus, o saci-pererê e o papai noel.

Outros vídeos interessantes do DeGrasse e outros divulgadores da ciência podem ser encontrados, obviamente, no youtube, a partir dos vídeos relacionados aos que eu citei. Boa viagem.

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* Finalmente fui conferir no novo acordo ortográfico: o ditongo aberto só perdeu o acento em palavras paroxítonas como ideia e paranoia, mas permanece nas palavras oxítonas como constrói. Mas o fato é que eu não aderi a essa mudança, como é possível perceber.

sexta-feira, 26 de março de 2010

Hora do Planeta: 2010

Nosso planeta é apenas um pálido ponto azul na imensidão do universo. Nossa atmosfera é fina, frágil, rara e também incontrolável e imprevisível. Não é à toa que tantos filmes mostram ETs tentando invadir a Terra: nem que seja de maneira inconsciente, sabemos como nosso planeta é precioso. Os astrônomos já detectaram centenas de planetas em vários pontos da via láctea, mas nenhum deles aparenta apresentar as características que propiciaram o surgimento da vida na Terra: abundância de compostos orgânicos e água, proximidade moderada de uma estrela e a presença de uma atmosfera com baixa quantidade de gases corrosivos, pressão compatível com a formação de organismos na superfície e, pra completar, uma camada protetora de ozônio, que impede a entrada excessiva de luz no espectro do ultravioleta, evitando o efeito estufa que transformou Vênus em um forno infernal. É um ensemble muito generoso e raro, portanto, precioso.

A pressão da atmosfera terrestre, em muitos textos de divulgação, tem  sua importância subestimada quando se trata de compor essa lista de pré-requisitos para o surgimento de vida. A nossa atmosfera está presa à superfície da Terra graças ao equilíbrio delicado de uma força dez trilhões de trilhões de trilhões de vezes mais fraca que a força eletromagnética; essa força é a gravidade. É isso mesmo. A força eletromagnética gerada por um elétron é 1036 (o número 10 seguido de 36 zeros) vezes maior que a força gravitacional produzida por este mesmo elétron. A Lua, por exemplo, tem um sexto do tamanho da Terra. São respeitáveis 7,349 x 1022 kg: aproximadamente cem bilhões de trilhões de toneladas. Mesmo assim, a Lua não tem gravidade suficiente para atrair uma atmosfera, por mais fina que seja: os gases se movem rapidamente, e no caso da Lua, atingem com facilidade a velocidade de escape e desaparecem da sua órbita. O oposto também não é interessante. Júpiter tem aproximadamente 320 vezes o tamanho da Terra, por isso exibe uma atmosfera ampla e densa, com tempestades que chegam a durar séculos, como é o caso da Grande Mancha Vermelha. No entanto, a pressão da atmosfera na superfície de Júpiter é aproximadamente duzentas mil vezes maior que a pressão ao nível do mar (aqui da Terra, lógico). Sem falar que lá chove ácido sulfúrico e essas coisas desagradáveis que ninguém quer presenciar.

Trocando em miúdos, o meu ponto aqui é reforçar o argumento que eu apresentei no post do ano passado: você pode achar que não, mas vivemos num equilíbrio muito delicado e, pela primeira vez na história da vida na Terra, uma espécie tem a tecnologia para AFETAR esse equilíbrio. Você pode achar que nunca vai faltar água na Terra, mas só 4,5% da água que você vê por aí é potável. Mesmo assim, metade disso está nas calotas polares e você NÃO VAI QUERER derreter esse gelo pra beber (vale lembrar que esse gelo está derretendo sem que a gente queira. Sabe quais as consequências* disso?). Você pode achar que nunca vai faltar ar, você pode achar que se o ar estiver poluído, basta passar um fim de semana no campo. Mas, como eu acabei de mencionar, a atmosfera é frágil, mas mais importante, também é IMPREVISÍVEL.

Enfim... Dia 27 de março de 2010 é a hora do Planeta versão 2.0. Todo mundo vai desligar as luzes por uma hora: das 20:30 às 21:30. Se você é cínico e acha que isso não ajuda em nada e o meio ambiente não vai se beneficiar de uma hora de comportamento consciente por parte dos macacos nus, você está COBERTO DE RAZÃO. Mas a hora do planeta é um ato simbólico, com o objetivo de divulgar esse tipo de comportamento consciente, para chamar a atenção das pessoas e das autoridades para o problema ambiental e, quem sabe, fazer com que as pessoas lembrem de apagar as luzes nos outros 364 dias do ano.



Eu vou apagar tudo.


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* Por falar em equilíbrio delicado, nosso planeta vive num mecanismo de retro-alimentação solar, que também não é mencionado quando se fala em aquecimento global e derretimento das calotas polares. As pessoas falam que se o gelo polar se derreter por causa do aumento da temperatura média do planeta, então o nível dos mares vai subir e algumas cidades vão ser submersas. Elas também falam que a diminuição de gelo nas calotas interfere no sistema de resfriamento das correntes marítimas que vai ferrar com a vida marinha etc.

O problema não pára por aí. Você reparou como aqueles esquiadores da olimpíada de inverno tem uma marca de queimadura (bronzeado) ao redor dos óculos de proteção? Mas como, se os caras tão no meio da neve e não tem esse sol todo lá? A camada de gelo reflete a luz do sol com eficiência muito maior que a areia da praia ou a água do mar. Esse sol queima os esquiadores, mas também é rebatido pra fora do planeta diminuindo a quantidade de calor que é absorvido. Se o gelo das calotas polares diminuir, é dado início a um ciclo de retro-alimentação: menos gelo nas calotas implica em menos sol refletido pra fora da Terra, que implica em mais calor absorvido, que implica em mais gelo derretido, que implica em menos gelo nas calotas.  Isso não é bom pra quem pretende habitar a Terra.

Uma modalidade reversa desse sistema de retro-alimentação é um dos responsáveis pelas eras glaciais. Se algo fizer com que a temperatura da Terra DIMINUA, a engrenagem começa a girar: o gelo nas calotas aumenta em volume, MAIS sol é refletido pro espaço, MENOS calor é absorvido, a temperatura da Terra diminui e mais gelo se forma nas calotas.

É isso aí. O buraco é mais embaixo e a gente não tem controle da Natureza. O melhor que você faz é cumprir com o seu papel e fazer a sua parte. Recicle o lixo asqueroso que você produz, economize energia e garanta uns milênios para a espécie.