sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

O fim da física.

Isso era um comentário que fiz no Macaco Alfa, mas achei interessante registrar aqui:

Falar em fim da ciência, uns 10 anos atrás eu li "O Fim da Física" do Stephen Hawking. Uma extensão física do problema que você descreveu no seu post. Na verdade seria uma das possíveis raízes do problema.

Nessa época as supercordas estavam começando a se popularizar em meios não-acadêmicos como uma teoria de grande unificação. Por "grande unificação" você entende a unificação da mecânica quântica e da relatividade geral. Segundo Hawking esse seria o primeiro passo para se escrever uma Teoria do Tudo (carinhosamente chamado de TOE: theory of everything, entre os entusiastas); a equação final, de onde todas as equações poderiam ser deduzidas como um caso particular. Uma única equação capaz de explicar tudo no universo, a resposta final para todas as perguntas; o fim da física/ciência. Esta equação é muito frequentemente chamada pela mídia de divulgação de o SANTO GRAAL DA FÍSICA. Eca.

Claro que hoje em dia o oba-oba passou (ou diminuiu, ao ponto que nunca mais li ou ouvi sobre isso) e todo mundo tem consciência de que mesmo depois de uma unificação (coisa que não deve acontecer tão cedo), construir uma teoria do tudo demoraria eras e mais eras. Gerações e mais gerações de físicos dedicados, com ajuda de vários monolitos como o da Odisséia no Espaço.

P.S.: Vale lembrar que essa história de fim da ciência é recorrente. O caso mais esdrúxulo que eu conheço aconteceu quando Lord Kelvin disse que no final do século XIX já se sabia tudo o que havia pra saber. Exceto por duas pequenas "nuvens negras no horizonte da ciência": a dificuldade em obter teoricamente a curva da radiação emitida por um corpo negro e explicar os resultados do experimento de Michelson-Morley. Dessas duas "pequenas" nuvens negras saíram "apenas" duas igualmente "pequenas" teorias: a teoria quântica e a relatividade especial.

2 comentários:

  1. Pois é, Eduardo,

    Lord Kelvin tava errado imagina John Hogan?!

    É uma idéia muito idiota essa de fim de tudo, porque acabou um século. Temos apenas cerca de 200 anos apenas de ciência como a conhecemos hoje e já terminou?

    Há perguntas inquietantes que podem nos levar para muito além do que já nos encontramos.

    Por exemplo:

    1) O que são e quais as propriedades dos 95% da matéria do universo que ainda não conhecemos?

    2) Se a vida possui como propriedade a autopoiese, então, é só disseminá-la em outros planetas que um novo cenário de seres vivos vai se desenvolver. Somos capazes disso?

    3) Vida e inteligência artificiais... até onde poderemos chegar?

    4) Compreender a evolução das espécies é um passo para desenvolver modelos de manipulação evolutiva de longo prazo e controlar completamente a matéria.

    5) Eternidade física é possível (citando apenas as bactérias como exemplo). Poderemos controlar os sistemas genéticos e de desenvolvimento para termos esse "prêmio"?!

    6) Desenvolveremos um GenBank da biodiversidade terrestre capaz de ser reproduzido em outros planetas?

    Como você muito bem escreveu, geração após geração de pesquisadores ainda virão em levas através de nossa história.

    Os deslumbrados com a beleza das primeiras grandes teorias não viram nada ainda.

    Espero viver mais uns 37 anos para ver grandes verdades serem descobertas.

    Tenho é que cuidar de minha saúde com muita ciência médica e biotecnologia dos fármacos... rsrsr!!!

    Abraço,

    W.

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